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Mostrando postagens de 2011

Último Pedido

“Beija a minha mão?” Foi a última frase que eu ouvi dela. Corpo grande e frágil, esparramado em um leito desconfortável. Seu olhar era distante, embora ainda tentasse encontrar nossas sombras. Triste, porém decidida, pronta. Não havia mais o que temer, nem o que esperar. Enquanto ininterruptamente pedia: “Beija a minha mão?” Tal qual uma criança que pede a mesma brincadeira. Mas as lágrimas coletivas nos arrancavam o riso. A ação repetitiva não nos cansava. Beijávamos, acarinhávamos, abraçávamos para darmos conta de todos os beijos e carinhos e abraços que um dia deixamos de dar. A hora era certa, e isso era certo para todas. Era a despedida. Era o amor e o agradecimento finais enquanto matérias presentes no mesmo espaço. Todas sabiam e, apesar da tristeza, a missão havia sido cumprida. Era chegada a hora das dores cessarem, dos corpos descansarem, das preocupações sumirem, do sono chegar. Finalmente todas iriam dormir em paz. “Beija a minha mão?” Até que se d
Da vida que toma rumos desconhecidos, resta-nos ser inteligentes para sabermos caminhar conforme seus passos; termos compreensão para abrirmos mão de vontades por quem amamos; cultivarmos a esperança para acreditarmos que tudo dará certo.

Mantendo a esperança

Quanto mais conheço o ser humano, mais gosto do seu potencial de ser algo maior do que sua mediocridade, sua vaidade, seu egoísmo, seu orgulho, seu egocentrismo. Há muito mais ser humano além de tanta pobreza de espírito.

Puxa de lá, puxa de cá

"Assim que eu tiver 25 anos, pretendo ter a minha própria casa". Isso foi o que um rapaz de 17 anos me falou. Isso era o que eu pensava quando tinha uns 17 anos. Hoje tenho 25. Não, não tenho minha própria casa. Ter um quarto de século deve significar algum período de transição. Porque as farpas ao meu redor vem do caos estabelecido pelas necessidades e limitações que me impulsionam e assombram. Tenho 25, com vontade de pensamentos e estilos de 35. Em determinados momentos, com pensamentos e estilos de 17. A maturidade é um caminho angustiante quando se tem consciência do processo. Você não a alcançou, mas sente sua necessidade. Você a exercita, mas vez em vez cai nos braços da juventude em seu estagio adolescente. Olha ao seu redor e se sente um adulto-criança, com tantos adultos compreendendo o viver com mais serenidade, com uma juventude inteira que tirou seu lugar na fila do crescimento (como os mais novos parecem se tornar mais velhos mais rápido!). Às vezes todos te faz

Falta de atualizações

Até que ponto um blog deve ser pessoal? Vejo alguns blogueiros que, com tanta facilidade, expressam seus sentimentos, expondo de forma clara algo íntimo. Nossa vida já está disponível para todos através das redes sociais e formulários de cadastros, será necessário mais um espaço? Mas aqui traço uma diferença desse "íntimo". Vou considerar nossas opiniões sobre assuntos comuns, de nossa sociedade, como objetos públicos. Estas mais que devem ser compartilhadas, discutidas, relativizadas, contestadas, ratificadas e expostas. Afinal, são elas que constróem nosso dia a dia, que traçam nossos destinos enquanto cidadãos. Mas tem aquele "íntimo" que toca no nosso calcanhar de aquiles, aquele que diz respeito a cada ser humano de forma bem pessoal, dignos de uma cadeira no psicólogo. São os nossos sentimentos, nossas fraquezas, desafios, sucessos, fracassos. Ao pensar nos objetivos e funcionalidade deste blog, acabo mergulhada nesta dúvida sobre os assuntos a serem tratados.

O tal blog da Bethânia

Me ajudem: sou eu quem está por fora das discussões do blog da Bethânia ou senti um tom de justificativa meio nova/torta na matéria do Segundo Caderno de hoje? Não vi o problema todo ser aprovar um projeto feito para a internet (e dos internautas serem entusiastas da produção colaborativa a web etc). É claro que videos custam caro, tem uma equipe para ser paga, tem um preço sim. Eu participei de um projeto para internet e eu sei o quanto ele precisava de grana. É claro! Qualquer um precisa, sendo pro cinema ou internet. O negócio (pra mim) é que Bethânia, Andrucha e toda aquela equipe juntos têm grandes chances de conseguir patrocínio direto das empresas, sem dinheiro público. E é claro que, com esses nomes de peso, as empresas não vão se importar em "dar" mais de 1 milhão para o blog. Na verdade, acho que a questão mora em duas discussões. Uma em torno da Lei Rouanet. Todos devem ter oportunidades iguais, mas a minha força é igual a da Bethânia? Os diversos aspectos dessa

"Tristeza, por favor vá embora..."

Enfim, o ano começou. Ou alguém considerou 2011 o que veio antes do Carnaval? Vou pensar que a resposta foi "não" para a graça (?) do início do meu texto fazer sentido. Então, com um ano novinho em folha começando, eu, você e o PT focamos grande parte dos nossos esforços na seguinte direção: mudanças. É tempo de mudar, de colocar a vida em ordem, de abandonar roupas velhas para que novidades possam surgir. Um aspecto que merece ser revirado são os defeitos que temos a chance de identificarmos em nós. Esses devem rapidamente passar por uma avaliação, serem reprovados, ou melhor, transformados em algo melhor. Esse exercício eu tenho feito. Como aluna, daria uma nota acima da média, por todo esforço e dedicação. Mas vou falar: ô coisa difícil. A tristeza é um defeito meu. Não só um sentimento. A tendência que tenho a me apegar à ela é tamanha que a mesma já se incorporou e se fez defeito. A tristeza vem do que não foi vivido; do que vejo os outros viverem e não tenho; do que que

Pintando o nariz

Ao ligar para um amigo meu falando da Abertura Não-Oficial do Carnaval do Rio de Janeiro, que aconteceu dia 9 na Praça XV, comentei: "Porque você sabe que o Carnaval já começou, né?". Meu amigo, que nunca me deixa na mão e sempre me surpreende com suas respostas simples, sutis, mas cheias de genialidade, disse: "E quando o Carnaval no Rio acaba, minha querida?". É isso, estamos imersos no Carnaval. Ou pelo menos em seu espírito. Pois mal o ano começa e os cariocas já se preparam ansiosamente para a folia de cada ano, como se não pudessem esperar nem mais um dia. A cerveja já está gelada, as fantasias saem dos armários, todos querem ficar juntos, por maior que seja o calor. As batucadas já despontam daqui e dali, ainda tímidas, como em um aquecimento para o que virá. Gosto do carnaval do Rio. Vou dizer que antes absorvia as ideias que chegavam aos meus ouvidos, de que tudo era baderna, um bando de bêbado só pensando fazer a fila andar e o líquido divino descer. Mas f

Possibilidades

Em alguns momentos, de repente sou tomada por uma felicidade sutil que é ao mesmo tempo grande, que chega sem motivos e sem dar maiores explicações. Uma sensação que, apesar de acontecer no presente, me remete ao futuro, onde tudo se encaixa. É como se eu tivesse agora um gostinho de como minha vida será. E além da sensação boa, tudo é bonito: o dia é agradável, o ar é fresco, os cheiros são deliciosos. Tudo é leve, e o sorriso é fácil. Rio à toa nas ruas, como as moças fazem nos filmes. Mergulho na possibilidade da felicidade ser desse mundo. Gostaria de colocar tanta felicidade em um canto especial da memória para depois usá-la moderadamente. Mas não é assim que funciona. Hoje não mais a sinto. Então aproveito e me apego a esperança despertada de que tudo dará certo. "Ô, Felicidade Eu quero andar na vida namorando você." Gonzaguinha.

Olhos nos Olhos

É 2011! Simbora comemorar! Como disse anteriormente, queria começar o meu ano em festa, e assim foi. Compartilhei 4 dias com primos e amigos (antigos e novos) queridos, que garantiram toda cantoria, piadas, campeonatos e alegrias que o momento pedia. Mas para mim, uma das grandes surpresas foi ver como tais momentos de nossas vidas podem se tornar tão especiais e inspirar belas palavras de quem quer registrar os detalhes das boas lembranças construídas. As palavras não são minhas (às vezes tenho um certo bloqueio entre o sentimento e a escrita, um nem sempre traduz o outro, então prefiro ficar quietinha mesmo), mas dos famosos gêmeos - e novos amigos, assim espero poder falar - Bernardo e Gustavo, que estiveram lá e nos deram um carinho extra no final da vi agem enviando um belo texto para a nossa extensa corrente de emails (já passam de 305!) e fazendo todos se emocionarem. Algumas sutilezas e referências só mesmo quem esteve lá para entender e achar graça. Mesmo assim, reproduzo o te