Olhos nos olhos
A noite entalhada no velame do universo amanheceu branca, um branco particular a cada um, ostentando um mesmo tom pálido, nublado e azedo.. É hora de acordar do sonho!
Do silêncio do sono ao despertar calado, emerge o dia ensopado, banhado por
lágrimas da madrugada chuvosa, pouca lua a olhos nus, e poucos
olhos para encarar. Roncos.. Caramujos.. “Zum" de besouro.
Passou.
Com o sono erguido sobre os calcanhares, chocados contra o chão familiar, despe-se o que puder do cansaço vestido e segue, qualquer coisa chocado. Adiado o quanto possível, chega o momento de enfrentar o novo ano recebido a batucadas, brindes e olhares. Bem vindo, 2011. Cuida bem da gente!
Mas cadê a casa rodeada de amigos? Pilhas e pilhas, jogados pelo chão, amontoados, guardados, juntos...
Cadê?!?
Aconteceu.
No espelho, sombras de sorrisos pendurados, exaustão agarrada nas pálpebras e as barbas por fazer... Troféus.. Medalhas.. Marcas.
Na cabeça, algumas lembranças, na memória, risadas a fio, e no peito, saudade.. Toda ela que cabia! E no chão o tanto restante transbordado a inundar os pés.
No então passado, madrugadas “violadas”, vasos entupidos e bujões ensaboados.. Tapas na cara amarrotada, serenatas devidamente registradas e trombas d'água que não assustam mais.. Barrigadas pouco íntimas, galos de briga e de canto, e pirâmides de queda-livre desempilhadas.. Presentes!
Mas foi.
Hoje a sauna não queima nem aquece. Teima em guardar suas pedras frias preenchida de um vazio que permanece. Ecoa mais vozes que o imaginado possível. Eucaliptos sem perfume.. Lixeiras sem migalhas.. Copos sem brindar.
Um dia de poucos “bom dia” e de uma palavra engasgada que hoje rima bemmais com saudade que com rim ou tamborim. Amigos nada ocultos, juradas banhadas a força, comentaristas peritos rigorosos, balés de água e estrela, e um "gato mia" aquático de cangas e chineladas..
- “Marco”?...
Um dia sem padarias, sem filmes pra assistir, nem filmes pra fazer. De uma semana sem latas vadiando cheias pela casa, nem banhos de improviso, álcool e folhas. Banquetes à luz de estrelas, sob um céu de algodão, sob universos colididos. Meteoros.. Cadentes.. Constelações.
Não.. Hoje é segunda.
Os carros circulam sobre rodas de um samba que parou de tocar. E nos carregam consigo pra longe de um dos melhores fins de semana que conseguimos recordar.
Distanciam cachorros-quente, cachorros perdidos, gatos-caolhas.. Viradas, bigodes e labaredas.. Deixam intactas as redes que hoje não balançam, as cadeiras que não mais suportam e o sabor de pastel, pavê e pudim ainda na boca. (Talvez melhore depois de escovar os dentes)
..Cuecas vermelhas, noites mal dormidas, liguíças empurradas, salsichas fragmentadas (0,87?), mesa pra 18.. Cachoeiras e Cascatas.. Carnaval.. É CARNAVAL!!!
Amizade.. Verdade.. Fortuna.
Guardados no canto mais iluminado do peito, amigos, parentes, gerentes, bombeiros, anfitriões, guardiã do bumbum cobiçado, “Maurícios”, “Veras”, “Moscovis”, agregadas agregantes, putões de Ibiza, amigos de pelúcia, devoradoras de livro, primas altas, primas baixas, primos chará, primos de segundo grau, família de primeira, puxadores de samba e globais. (- “O Luciano Huck é legal mesmo?”)
Horas desafiando o tempo.. minutos desafinando notas.. segundos diluídos.. Eras.
Aproveitamos! E o esgotamento que corre nas veias feito sangue celebra esse final de semana. Foi rápido demais.. Foi rápido.. Foi demais. É olhando nos olhos de cada um que comemoramos! (Obrigado pela entrada que você ofereceu, Fernando. Aproveitamos bastante! rs)
Foi foda.. Conhecemos pessoas que reconhecemos amigos.. E que hoje representam muito. A saudade que hoje se instala e nos cala a alma vai, aos poucos, se transformando na calma que, sem pressa, nos acalma..
E assim, e sem mais, a saudade reflete a vontade que, em breve, volta a nos reunir.
A febre dá lugar a força.. A rotina contraria a dança.. e, enquanto isso, a amizade canta!
Hoje é segunda???
Foda-se!..
Estivemos em Guapi! Ôôô Guapi!
Bjs galera..
Bernardo e Gustavo, hoje, Braga Vargas Deslandes (Gonçalves... deixa eu me incluir nessa! rs).
PS: Obrigado ao sr. Darcy pela casa oferecida, ao Fernando e a Marcia, pela generosa hospitalidade, ao Gui e à Amanda pelo esforço impecável na organização de tudo, à Nanda e ao Zizu pela amizade incontestável e isca para tantas novas e ao Rulho e à Del pela carona... Graças a vocês, em especial, podemos agradecer aos demais por terem tornado esse reveillon tão fantástico e nos deixar mais que a vontade... nos acolhendo nessa grande e alegre família. Agradecemos de coração!
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